Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de agosto de 1912 — Salvador, 6 de agosto de 2001)
foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros
de todos os tempos . Integrou os
quadros da intelectualidade comunista brasileira desde o final da primeira
metade do século XX - ideologia presente em várias obras, como a retratação dos
moradores do trapiche baiano em Capitães da Areia, de 1937.
Jorge é o autor mais adaptado do cinema, do teatro e da televisão. Verdadeiros
sucessos como Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de
Guerra foram
criações suas. A obra literária de Jorge Amado – 49 livros, ao todo – também já
foi tema de escolas de samba por
todo o País. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas bem como
em braille e em
fitas gravadas para cegos.
Mas em seu estilo - o romance ficcional
-, não há paralelo no Brasil. Em 1994,
a sua obra foi reconhecida com o Prêmio Camões.
Biografia
Existem dúvidas
sobre o exato local de nascimento de Jorge Amado. Alguns biógrafos indicam que
o seu nascimento deu-se na fazenda Auricídia, à época pertencente ao município
de Ilhéus. Mais tarde as terras da fazenda Auricídia passaram ao
atual município de Itajuípe, com a emancipação do distrito
ilheense de Pirangi. Entretanto, é certo que Jorge foi registrado no povoado de
Ferradas, filho do Coronel João Amado e de Eulália, pertencente a Itabuna.
No ano seguinte ao
de seu nascimento, uma praga de varíola obrigou a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus, onde viveu a maior
parte da infância, que lhe serviu de inspiração
para vários romances.
Foi para o Rio de Janeiro, então a
capital do País, para estudar na Faculdade de Direito da então Universidade do
Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da
Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a década de 1930, a faculdade era um polo de discussões
políticas e de arte, tendo ali travado seus primeiros contatos com o movimento comunista organizado. Tornou-se um jornalista, e envolveu-se com a política ideológica comunista,
como muitos de sua geração. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB),
o que lhe rendeu fortes pressões políticas. Como deputado, foi o autor da
emenda que garantiu a liberdade religiosa devido a ter visto o sofrimento dos
que seguiam cultos africanos bem como protestantes no Ceará serem saqueados por
fanáticos com uma cruz à frente – buscou assinaturas até conseguir a aprovação
da sua emenda, e desde então a liberdade religiosa tornou-se lei. Também foi
autor da emenda que garantia direitos autorais. Por outro lado, votou
favoravelmente à emenda nº 3.165 do deputado carioca Miguel Couto Filho a qual
buscava proibir a entrada no País de japoneses de
quaisquer idade e procedência.
A sua obra é uma
das mais significativas da moderna ficção brasileira, sendo voltada
essencialmente às raízes nacionais. São temas constantes nela os problemas e
injustiças sociais, o folclore, a política, as crenças, as tradições e a sensualidade do povo
brasileiro, contribuindo assim para a divulgação deste aspecto do mesmo.
Foi casado com a
também escritora Zélia Gattai, a qual o sucedeu em 2002 na
cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras.
Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941 a 1942), em Paris (1948
a 1950) e em Praga (1951 a 1952). Como um escritor profissional, viveu
quase que exclusivamente dos direitos autorais de seus livros.
Em 1959 publicou Gabriela, Cravo e Canela,
que representou um momento de mudança na produção literária do autor que até
então abordava temas sociais. Nesta segunda fase faz uma crônica de
costumes, marcada por tipos populares, poderosos coronéis e mulheres sensuais. Além
de Gabriela, Cravo e Canela, os romances Dona Flor e seus dois maridose Teresa Batista cansada de
guerra são representativos desta fase.
Publicada pela
primeira vez em 1966, a obra Dona Flor e seus dois maridos é
considerada uma crônica de costumes da vida baiana. Regida sob a inspiração do
realismo fantástico, a história mostra D. Flor como uma mulher que consegue
realizar a fantasia de levar para a cama o marido falecido e o atual ao mesmo
tempo. O primeiro, um malandro; o segundo, exatamente o seu contrário - só
assim D. Flor sente-se realmente completa e feliz. O livro é pontuado de
receitas culinárias, ritos de candomblé e exemplos de uma contradição que tão
bem retrata o Brasil: o convívio do sério com o irresponsável, o prazer e o
dever, a regra e o “jeitinho”. Sucesso editorial, D. Flor se tornou uma das
mais populares personagens da literatura nacional.
Na década de 1990, porém, viveu forte tensão e expectativa de um
grande baque nas economias pessoais, com a falência do Banco Econômico, onde tinha suas economias. Não chegou porém a
perdê-las, já que o banco veio a ser socorrido pelo Proer, um programa governamental de auxílio a
instituições financeiras em dificuldades. O drama pessoal de Jorge chegou a ser
utilizado pelo lobby que
defendia a intervenção no banco, para garantir os ativos dos seus correntistas.
Com a saúde
debilitada havia alguns anos, veio a falecer em 6 de agosto de 2001 devido a
uma parada cardiorrespiratória. Em junho do mesmo ano, já havia sido
internado por causa de uma crise de hiperglicemia. O corpo de Jorge Amado foi cremado e suas cinzas enterradas em sua casa no Bairro: Rio Vermelho, em Salvador
na Bahia, as cinzas de Zélia também estão depositadas no mesmo local, quando
faleceu em 2008.
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